quarta-feira, 13 de julho de 2011

Onde há obra, não há loucura.


Nos dias 25 e 26 de agosto acontecerão o V Encontro de Arte & Saúde Mental, o V Seminário de Saúde e Educação e o II Seminário Regional da ABRAPSO: Onde há obra, não há loucura.
O Evento que está sendo organizado pelo NEPIS e o Espaço Artaud ocorrerá na Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) e será uma comemoração ao Dia do Psicólogo (27 de agosto).

Haverá palestras de Arley Andriolo (USP); Maria Cristina Amendoeira (UFRJ); Juliana Barreto (grupo Sapos e Afogados); Ruth Bernardes e Walter Melo (UFSJ).
Além das palestras, haverá também apresentação teatral d'Os Nômades, com a peça O Universo das Coisas, e a apresentação musical dos Cancioneiros do IPUB.
Inscrição:
R$ 5,00 - só um dia
R$ 8,00 - os dois dias

Caso queira maiores informações acerca deste Evento, envie-nos um e-mail para espaco.artaud@uol.com.br ou siga o nosso blog para receber todas as atualizações por e-mail.

Participem!
Divulguem!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Arte sem Fronteiras

Resenha da coletânea “Psiquiatria, Loucura e Arte: fragmentos da história brasileira” organizada por Elionora Haddad Antunes, Lúcia Helena Siqueira Barbosa e Lygia Maria de França Pereira. São Paulo: EdUSP , 2002. Originalmente publicada em Veredas, Revista do Centro Cultural do Banco do Brasil.

Em 1978, um incêndio destruiu a maior parte do acervo do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Diversas foram as propostas para a sua reestruturação. Uma delas foi feita por Mário Pedrosa, a partir da idéia do Museu das Origens, o qual se estruturaria como cinco museus independentes, mas interligados de maneira orgânica: do índio, de arte virgem, de arte moderna, do negro e de artes populares. Se esta proposta não foi levada adiante na reestruturação do MAM, nem por isso foi descartada por completo, pois serviu de base para se conceber a exposição Brasil + 500. Nessa exposição fica clara a conexão feita por Pedrosa entre, por exemplo, Anita Malfatti e Fernando Diniz, e que se baseia no fato de que a arte moderna inspirou-se na arte daqueles que denominou de “povos periféricos”. Portanto, ao se valorizar o fato de Picasso ter sofrido influência dos povos africanos e de Klee se inspirar na pintura das crianças, nada mais justo do que colocar essas “origens” lado a lado com as pinturas modernas.
Outro ponto a ser destacado, e que muito pode nos ajudar na leitura do belo livro Psiquiatria, loucura e arte, é que essa valorização das origens coloca-se em posição oposta aos argumentos apresentados durante a exposição de “arte degenerada” organizada pelo regime nazista em 1937, numa clara tentativa de estigmatizar toda a arte moderna como fruto da insanidade pelo fato de ela se apropriar da linguagem dos indígenas, dos negros, dos loucos e das crianças como modelo artístico. O povo ariano não podia admitir que os artistas modernos degenerassem a cultura com rabiscos. Opiniões como a dos nazistas, de que se deveria banir da face da Terra idéias e pessoas que consideravam inferiores, influenciaram de maneira marcante diversos campos do conhecimento, notadamente a psiquiatria.
A psiquiatria vem, ao longo dos anos, se apoderando de qualquer produção de pessoas com transtornos mentais como índice de que o seu papel é o de isolar em asilos, de buscar as bases anatômicas das doenças mentais e de contê-las com terapêuticas como o eletrochoque e a lobotomia; ou o de lançar ideais racistas no contexto do movimento de higiene mental que demonstra o predomínio das idéias eugênicas e sua relação com a entrada de estrangeiros no país durante o governo Vargas; ou, ainda, o de se apropriar da infância por meio do discurso psiquiátrico que criou tribunais e escolas correcionais nas quais as crianças brincam no recreio num pátio cercado por arame farpado. Reformulações, no entanto, vêm ocorrendo, como, por exemplo, o deslocamento no método de usar a arte no tratamento psiquiátrico, que passa a ser visto como “ampliação cultural”, e não mais como meio de se trazer à tona conteúdos internos.
Diversos atores sociais estão presentes nessa interação entre psiquiatria, loucura e arte, caracterizando este assunto pela pluralidade discursiva e não como de exclusividade dos trabalhadores de saúde mental. A literatura, por exemplo, é um rico manancial de visões sobre o psiquiatra e o louco, e muito contribui com a história, pois, se dessa forma não fosse, Franco Basaglia não teria afirmado que a narrativa sobre Simão Bacamarte torna clara, antes mesmo das críticas e reformulações efetuadas pela psiquiatria a partir dos anos 60, a relação de dominação do médico sobre o doente baseado em seu poder constituído no saber classificativo. As classificações psiquiátricas, no entanto, não são problemáticas apenas para o alienista machadiano, mas também na relação entre médico e arquiteto no momento inaugural da psiquiatria no Brasil. A construção dos grandes asilos, no Brasil, seguiu o modelo teórico implantado por Esquirol, porém a organização do espaço se mostra inadequada pelo fato de a racionalidade classificativa empregada pela psiquiatria exigir cada vez mais espaços separados, distanciando o psiquiatra de seu ideal arquitetônico. O resgate destas concepções, que são amplamente discutidas e analisadas nos artigos desta importante coletânea, seja em relação à arquitetura, aos tratamentos preconizados, à literatura etc., constitui-se, como é afirmado no subtítulo, não como assunto de interesse de poucos, mas como “fragmentos da história brasileira”.
Por Walter Melo


Postado em 17/04/2011.

Assembléia Geral do Espaço Artaud

No dia 21 de março aconteceu a nona Assembléia Geral do Espaço Artaud, na qual foram rediscutidas as atividades realizadas nos últimos 12 meses e apresentado o plano de trabalho para este ano.

1- Em breve, teremos a oficialização do grupo de teatro Os Nômades como Ponto de Cultura, pois toda a documentação do Espaço Artaud já foi entregue na Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
2- Durante todo o ano de 2011, o Espaço Artaud estará na lista de projetos indicados pela BrazilFoundation para receber apoio financeiro. Para maiores informações, acesse o site:
 
3- Renata Cristian e Maria Neiva estão construindo uma nova peça de teatro-dança para Os Nômades.

4- Está previsto para os dias 25 e 26 de agosto a realização do V Encontro de Arte & Saúde Mental, em parceria com o NEPIS (Núcleo de Estudo, Pesquisa e Intevenção em Saúde), da UFSJ. O Encontro contará com a participação de Ruth Bernardes (UFSJ), Juliana Barreto (Sapos e Afogados), Arley Andriolo (USP) e Cristina Amendoeira (UFRJ), além da apresentação teatral d’Os Nômades.
 
Postado em 26/03/2011.

É preciso que o ar circule

Resenha da coletânea “Cruzando fronteiras disciplinares: um panorama dos estudos migratórios” organizada por Helion Povoa Neto e Ademir Pacelli Ferreira. Rio de Janeiro: Revan, 2005. Originalmente publicada em Latin Americam Journal of Fundamental Psycopathology.
“O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando estacas ou enchendo o fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: ‘Evitai ouvir esse impostor. Estamos perdidos e esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém!’”.Jean-Jacques Rousseau

Estamos vivendo um processo de globalização, com vários países tendo a economia unificada e com a informação circulando de maneira instantânea através da televisão e da internet. Dessa forma, as fronteiras parecem se dissipar. Por outro lado, os exemplos de defesa exacerbada dos territórios nacionais estão cada vez mais freqüentes.

As justificativas para isso giram em torno de aspectos religiosos, econômicos ou de proteção contra possíveis ataques terroristas. Para garantir as fronteiras faz-se necessário criar grupos de inimigos potenciais, baseados em preconceitos e estereótipos. A criminalização dos migrantes – intensificada após o dia 11 de setembro de 2001 – é um dos temas abordados na coletânea “Cruzando Fronteiras Disciplinares: um panorama dos estudos migratórios”, organizada por Helion Póvoa Neto e Ademir Pacelli Ferreira.

Ninguém pode se atrever a ler essa coletânea tentando fixar idéias, estabelecer estreitos limites às concepções que se desdobram e sempre se encaminham para outro lugar ao longo da leitura. Ora estamos entre “italianos” em Caxias do Sul, ora entre “alemães” no Rio de Janeiro ou em Blumenau. Podemos, também, acompanhar casamentos entre brasileiros e anglo-americanos nos Estados Unidos ou transladar ao outro lado do mundo junto com japonesas e nipo-brasileiras.

Existe, ainda, algo mais importante: não podemos nem mesmo definir as fronteiras que são ultrapassadas a partir dos tradicionais acidentes geográficos que separam cidades, Estados, países e continentes. Na coletânea, as fronteiras disciplinares também são cruzadas, ocorrendo uma incessante interpenetração de saberes. Trata-se de uma obra com a participação de profissionais de diversas áreas do conhecimento, colocando-nos em contato com o objeto de estudo: o migrante. Os trabalhos apresentados, no entanto, não buscam um objeto transcendente. Essa não poderia ser a intenção, pois na tentativa de aproximação do pesquisador em relação ao tema o próprio pesquisador acaba migrando.

De acordo com os autores, os estudos acerca do migrante se caracterizam por serem migratórios, em relação aos métodos empregados, às hipóteses levantadas, às análises apresentadas e aos conceitos utilizados. Os movimentos espaciais da população, no passado e nos dias atuais, vão estar intimamente relacionados aos aspectos subjetivos e de formação da identidade. O processo migratório apresenta-se como um dos fundamentos de transformação da sociedade, não sendo concebido como um mero reflexo das dinâmicas sociais.

Os deslocamentos citadinos ou campesinos possibilitam aos migrantes uma aventura no campo do outro. E quem é que se desloca? São pessoas isoladas ou populações inteiras em busca da resolução de problemas. Mas nessa busca pela solução dos problemas, surgem, muitas vezes, o medo e a preocupação, pois se abandona uma situação anteriormente conhecida para se viver a novidade de se estar numa cultura completamente diversa.

Os autores, no entanto, não apresentam medo do migrante e nem da conseqüente transformação daí surgida. Estão abertos às mudanças e podemos dizer que a mudança se constitui em método. A atenção que os pesquisadores dedicam ao migrante vai além da mera curiosidade intelectual. Trata-se, antes, de um engajamento junto aos sujeitos enfocados. E nesse processo de mútua migração, nessa aventura empática, o migrante surge como uma alteridade radical, como um companheiro mítico.

No Brasil, os que vieram de outras pátrias já foram desejados ou odiados. Os mais variados motivos fazem com que estrangeiros venham viver no Brasil. Essas pessoas sofrem um intenso processo de desterritorialização física, econômica, política e cultural, tendendo a criar espaços característicos onde podem cantar suas músicas, comer comidas típicas e falar a língua natal. Essas formas fundamentais de reterritorialização dos migrantes, seja em determinadas regiões, seja na diáspora, são, muitas vezes, consideradas enquistamento étnico. A tentativa de ancoragem cultural do migrante passa, então, a ser vista como um corpo estranho no organismo social, justificando tentativas de assimilação.

No entanto, não existem nem quistos étnicos nem assimilação total de uma cultura pela outra, mas intensas trocas entre territórios-rede, pois se o movimento migratório retira o sujeito de um determinado espaço, não o desterritorializa por completo: sempre permanecem geografias imaginárias que trazem memórias e emoções de países e cidades invisíveis. Nesse contexto, a psicanálise dará uma contribuição fundamental: o conceito de inconsciente permite-nos pensar num sujeito que transita, sem fronteiras, no país do Outro, independente de qualquer demarcação identitária. A vida em sociedade, no entanto, nos traz constantemente o limite de alfândegas, de portas, de grades, de cercas, de arames farpados, de muros altos: a fronteira é uma invenção do homem.

Atualmente vivemos num mundo globalizado, de livre circulação de dinheiro para quem o tem e que se mostra virulentamente odioso em relação à diversidade cultural. Mas como tudo o que é historicamente construído pode, um dia, deixar de ser como é, podemos sonhar com um mundo de maior troca afetiva e convivência entre as pessoas.

Os estudos apresentados, frutos do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM-RJ), configuram diferenciadas metodologias e são efetuados por profissionais de diversas áreas. Nesse sentido, os migrantes estudados ao longo da coletânea servem de modelo para que as hipóteses também migrem e as fronteiras que separam o conhecimento sejam ultrapassadas.

Por Walter Melo

Postado em 21/02/2011.

Piquenique do Espaço Artaud

No dia 19 de fevereiro de 2011, o Espaço Artaud realizou um piquenique de confraternização e comemoração pelo Prêmio Cultural Loucos Pela Diversidade 2009 – Edição Austregésilo Carrano, no qual fomos contemplados com o projeto Os Nômades companhia de teatro – a transformação do cotidiano através da arte.
O prêmio, uma iniciativa da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC) e do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS/FIOCRUZ), contemplou 55 projetos culturais de instituições públicas, ONGs, grupos autônomos e pessoas físicas. A lista completa pode ser consultada na página do Ministério da Cultura:
Com a verba recebida do prêmio, confeccionamos camisas para o grupo de teatro, fizemos um passeio à cidade histórica de Tiradentes -MG e, parte do dinheiro, foi dividido entre os atores que atuaram n'Os Nômades nos anos de 2009 e de 2010.
O local escolhido para o piquenique foi o jardim do Parque Lage -RJ, onde fomos brindados com uma bela manhã de sol, mas com bastante sombra para que todos pudessem aproveitar, conversar e se divertir. Durante a confraternização, estiveram presentes, além dos atores d’Os Nômades, sócios fundadores e colaboradores, assim como pessoas que já colaboraram com o Espaço Artaud.

As fotos do piquenique estão na sessão de slides, no rodapé do Blog. Confiram!

Aproveitamos para agradecer ao apoio fundamental do Catsapá – Escola de Musicais http://www.catsapa.com.br/, instituição privada que, desde 2005, cede seu espaço físico gratuitamente para os ensaios d’Os Nômades.

Postado em 20/02/2011

Interferir na Realidade, o primado anti-romântico de Boal

Teatro para Augusto Boal é luta. Podemos verificar essa afirmação ao longo de sua obra. Trata-se de uma luta para interferir na realidade, principalmente em países como o Brasil, com imensas desigualdades sócio-econômicas. Pautado no materialismo histórico, Boal afirma que “a ação dramática deve mostrar-se (...) como uma ‘contradição de necessidades sociais’” (1977, p. 20).

O teatro proposto por Boal se contrapõe, então, à expressão de estados da alma. Os conflitos lhe interessam acima de tudo e, mais ainda, os conflitos sociais que ocorrem no cotidiano da vida das pessoas. O caráter inter-relacional da arte se sobrepõe à exibição das emoções, pois pretende criar empatia entre o personagem e a platéia; e, mais que isso, pretende um teatro dinâmico, com uma ligação emocional dinâmica; e, mais que isso, pretende um teatro da ação transformadora através da “emoção dialética” (Boal, 1977, p. 48).

A emoção encontra-se no cerne da ação dramática e em seu potencial de transformação do mundo. Não se trata, porém, de criar personagens como se fossem “lagoas de emoção” (Boal, 1977, p. 49). As emoções devem estar inextricavelmente ligadas às vontades, ou seja, às concretizações de idéias. As emoções abstratas somente interessam a Boal como ponto de partida para a construção de algo que seja efetivamente teatral. Para se realizar teatro, os personagens devem desejar no plano concreto, em situações bem determinadas: “a idéia abstrata, transformada em vontade concreta em determinada circunstância, provocará no ator a emoção que por si própria irá descobrir a forma teatral adequada, válida e eficaz para o espectador” (p. 51).

Como, em situações concretas, cada um deseja algo diverso, o conflito constitui-se como marca essencial da teatralidade, caracterizando a interpretação como uma estrutura dialética. A esse teatro, definido pelo conflito, pela luta, vão se juntar as noções de que todos os seres humanos são atores (inclusive os profissionais) e de que não devemos buscar a arte pela arte.

A premissa de que todo ser humano pode representar está diretamente relacionada com o caráter de não autonomia da arte. Partindo do princípio de que a arte dita desinteressada serve a interesses opressores, Boal assume o caráter de transformação social da arte, que “deve responder a desafios da realidade” (1977, p. 18). Os artistas devem, então, se dirigir às pessoas que mais enfrentam desafios na vida. Quais são essas pessoas? Quem compõe o público de Augusto Boal? A resposta: os oprimidos.

Podemos observar que, para Boal, não há como desvincular teatro e política. Sendo clara a sua opção pela política de esquerda. Sendo assim, desde o início da carreira, no Teatro de Arena, procurou estabelecer diálogo com os oprimidos, pretendendo a transformação da sociedade: “o primeiro dever da esquerda é o de incluir o povo como interlocutor do diálogo teatral” (1970, p. 47). Se o interlocutor privilegiado é o povo, o local propício é a praça.

Os modos de Augusto Boal fazer teatro variam, porém a coerência de fazer teatro para o povo se mantém. Melhor dizendo, não se trata de fazer teatro para o povo, mas sim de fazer teatro com o povo. Daí, não só atores e não-atores poderem fazer teatro, mas é necessário compreender que todo ser humano é teatro (Boal, 1996). Para Boal, o ser humano se caracteriza pela capacidade de observar as próprias ações, ou seja, pela capacidade de ser teatro. Nesse caso, a dicotomia entre ator e espectador existe somente como maneira de os seres humanos especializarem os seus fazeres sociais, quando alguns atuam e outros assistem. Já no Teatro do Oprimido somos todos Spec-Atores.

O Teatro do Oprimido se constitui, então, através de um longo percurso e de criação de diferentes formas de se fazer teatro, que passa pela direção artística do Teatro de Arena (1956-1971), pelo Agit-Prop (agitação e propaganda), pela Dramaturgia Simultânea, pelo Teatro do Invisível, pelo Teatro Fórum e pelo Arco-Íris do Desejo. Esse último é definido como método Boal de teatro e terapia.

Sempre me interessei pela interface entre o campo da saúde, mais especificamente da saúde mental, com as artes. Desde os tempos em que trabalhei na Casa das Palmeiras até os dias de hoje, no Espaço Artaud (que se coloca numa região de fronteiras entre a terapia, a reabilitação psicossocial e a arte) e no Núcleo de Estudo, Pesquisa e Intervenção em Saúde (NEPIS), da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).

Essa “superposição de terrenos” (Boal, 1996, p. 24) supõe que estejamos abertos a parcerias. Sendo a construção de parcerias uma das marcas registradas do trabalho desenvolvido por Nise da Silveira a frente do Museu de Imagens do Inconsciente e da Casa das Palmeiras, e que levei adiante na construção do Espaço Artaud. Afinal, ninguém vai sozinho ao paraíso (Melo, 2005).

Em 1993, durante uma reunião de equipe da Casa das Palmeiras, sugeri que entrássemos em contato com Augusto Boal para reorganizarmos a atividade de teatro (Melo, 2001; 2009). A psicóloga Cristina Frederico fez contato com Geo Britto, curinga do Centro de Teatro do Oprimido (CTO). Dessa forma, Geo Britto estabeleceu uma importante parceria entre o CTO e a Casa das Palmeiras, onde passou a fazer parte da equipe e a desenvolver técnicas de Teatro do Oprimido durante quatro anos (Britto, 2001).
Por Walter Melo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
:
BOAL, A. (1970). Que Pensa Você da Arte de Esquerda? Latin American Theatre Review, vol. 3, n. 2, p. 45-53.
__________. (1977). 200 Exercícios e Jogos para o Ator e o Não-Ator com Vontade de Dizer Algo através do Teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
__________. (1996). O Arco-Íris do Desejo: método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
BRITTO, G. (2001). Carta de um Discípulo à sua Mestra. Metaxis, ano I, n. 1, p. 16-17.
MELO, W. (2001). Nise da Silveira. Rio de Janeiro/Brasília: Imago/CFP.
__________. (2005). Ninguém Vai Sozinho ao Paraíso: o percurso de Nise da Silveira na psiquiatria do Brasil. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: UERJ.
__________. (2009). O Terapeuta como Companheiro Mítico: ensaios de psicologia analítica. Rio de Janeiro: Espaço Artaud.


Postado em 16/02/2011.

Jung e a Imagem de Deus

Ao estudar a representação psicológica da energia psíquica através das imagens, Jung afirma que, “sob o ponto de vista psicológico, a figura de Deus é um complexo de idéias de natureza arquetípica” (Jung, 1989 [1911], p. 48). Ao enunciar a imagem arquetípica de Deus, Jung “nem estabelece nem nega Deus” (idem, p. 49). A afirmação de Jung, no entanto, causou grande polêmica, pois os críticos confundiram psicologia empírica com as concepções metafísicas da teologia.

Alguns autores passaram a se referir a Jung como um religioso que afirmara a existência de Deus; outros como um gnóstico que provara conhecer Deus; e outros, ainda, que Jung era ateu, pois substituíra Deus por uma simples imagem.

Podemos acompanhar através das cartas de Jung a insistente preocupação em se manter nos limites da psicologia, não demonstrando nenhuma preocupação metafísica. Por exemplo, em 1º e em 12 de junho de 1933, Jung respondeu ao Dr. Paul Maag - que o considerava um ateu - da seguinte maneira:

“O senhor certamente já percebeu que eu trato apenas de psicologia e não de teologia. Quando abordo, portanto, o conceito de Deus, eu o faço apenas do ponto de vista da psicologia, e não de sua hipóstase. Deixei bem claro em meus escritos esta limitação epistemológica, cientificamente necessária” (Jung, 2001 [1933], p. 138).

Enquanto Jung respondia ao médico que a partir dos estudos que empreendeu não era possível afirmar que não acreditava na existência de Deus, traçando “uma rigorosa linha divisória entre o conteúdo da fé e as exigências da ciência” (idem, p. 140), era forçado a responder ao pastor Ernst Janh, em 7 de setembro de 1935, que também não afirmava a existência de Deus:

“Quando falo de Deus, faço-o sempre como psicólogo, e enfatizo isto expressamente em muitas passagens de meus livros. Para o psicólogo, a imagem de Deus é um fato psicológico. Sobre a realidade metafísica de Deus ele nada sabe dizer, pois isto ultrapassaria de longe os limites epistemológicos” (Jung, 2001 [1935], pp. 208-9).

Em carta de 8 de fevereiro de 1941 dirigida ao pastor Josef Goldbrunner, Jung voltou a afirmar que, ao estudar a imagem de Deus, não está ultrapassando os limites científicos e afirmando a existência de Deus: “O senhor certamente não sabia que epistemologicamente me baseio em Kant, o que significa que uma afirmação não postula o seu objeto” (Jung, 2001 [1941], p. 303). A resposta se repete ao pastor Max Frischknecht, em 17 de julho de 1945: “Só posso repetir: não sou um teólogo que prega determinado Deus, mas um empírico que só pode constatar a existência de uma possibilidade arquetípica de idéias sobre Deus, quaisquer que elas sejam” (Jung, 2001 [1945], p. 377).

Entretanto, não devemos pensar que todos os religiosos encaravam as teorias de Jung como tentativas de provar a existência de Deus. Alguns o acusavam de psicologismo e/ou de ateísmo. Em carta ao padre Victor White, de 5 de outubro de 1945, Jung explica a afirmação que fez em 1911: “quando disse que Deus é um complexo, eu pensei o seguinte: o que quer que seja, ele é no mínimo um complexo bem real. Pode-se dizer que ele é uma ilusão, mas é ao menos um fato psíquico. Nunca esteve em minha intenção dizer: ele nada mais é do que um complexo” (Jung, 2001 [1945], p. 388).

Em carta de 22 de fevereiro de 1952 dirigida ao editor da revista Merkur, de Stuttgart, Jung refere-se a dois trabalhos: um do filósofo Hermann Keyserling, publicado em novembro de 1950; e outro de Martin Buber, publicado em fevereiro de 1952. Enquanto Keyserling classifica Jung como um negador do espírito, ou seja, como um ateu, Buber classifica-o como um gnóstico. Os dois teóricos abordam as concepções da psicologia analítica a partir de pressupostos teológicos. Jung diz sentir-se no dever de agradecer a Buber, pois lhe dava a oportunidade de explicar publicamente as suas concepções. Como Jung poderia ser ao mesmo tempo agnóstico e gnóstico? Por que insistir em estender para o campo da metafísica estudos psicológicos? Jung parece se sentir bastante à vontade com a situação: “Ora, se opiniões divergem tanto umas das outras sobre uma determinada questão, é porque, segundo me parece, existe a suposição bem fundada de que nenhuma delas é verdadeira, isto é, há um mal-entendido” (Jung, 1998 [1952], p. 241). As idéias lançadas por Buber rapidamente foram difundidas, tendo Jung que responder ao pastor Fritz Buri em carta de 5 de maio de 1952:

“Eu não pretendo conhecer algo representativo ou comparável de um Deus metafísico. Por isso não entendi muito bem como pode o senhor pressentir (...) uma presunção ‘gnóstica’. Na mais estrita contraposição ao gnosticismo e à teologia, limito-me à psicologia (...) e nunca afirmei possuir um vestígio sequer de conhecimento metafísico” (Jung, 2002 [1952], p. 239).

Devemos, portanto, deixar de lado a preocupação quanto ao fato de Jung ser um materialista ou um místico. Jung nunca afirmou em seus textos psicológicos a existência de Deus, nem mesmo chegou a declarar suas convicções pessoais. Jung não pretendia criar qualquer espécie de culto. Também nunca afirmou a inexistência de Deus, substituindo o Deus metafísico por uma simples imagem: “Como poderia alguém substituir Deus? Não posso nem mesmo substituir pela fantasia um simples botão, mas preciso comprar um novo!” (Jung, 2002 [1948], p. 93).

A psicologia analítica deve ser estudada sem preconceitos, pois no campo do saber o debate aberto de idéias deve ser priorizado. As concepções psicológicas e de qualquer outra ciência não podem ser rechaçadas por atitudes dogmáticas, seja do campo religioso seja nos círculos acadêmicos.
Por Walter Melo
Bibliografia:
JUNG, C.G. Símbolos da Transformação. Petrópolis: Vozes, 1989 [1911].
__________. “Religião e Psicologia”: uma resposta a Martin Buber. in.: A Vida Simbólica. Volume II. Petrópolis: Vozes, 1998 [1952].
__________. Cartas (1906-1945). Volume I. Petrópolis: Vozes, 2001.
__________. Cartas (1946-1955). Volume II. Petrópolis: Vozes, 2002.


Postado em 02/02/2011.

Casa das Palmeiras, casa dos afetos

O texto que segue abaixo foi feito a pedido da jornalista Alice Melo da Revista de História da Biblioteca Nacional e foi publicado em parte na reportagem "Cabeça erguida e bolso vazio" do dia 30/12/2010.

Qual a importância histórica da Casa das Palmeiras? Não podemos nos esquecer que a pergunta é feita no presente. Dessa forma, não podemos falar de uma Casa das Palmeiras que se encontra somente no passado, que morre para entrar para a história... Temos que falar de uma Casa das Palmeiras que inovou no tratamento no campo da saúde mental, que tratou e reabilitou tantas pessoas, que formou muita gente (eu mesmo posso afirmar, com todas as letras, que devo grande parte de minha formação de psicólogo a Casa das Palmeiras) e que, portanto, possui importância pelo seu passado. Temos que falar, também, de uma Casa das Palmeiras que se mantém em funcionamento desde o dia 23 de dezembro de 1956 até os dias de hoje (escrevo justamente no dia em a Casa das Palmeiras completa 54 anos). Temos que falar, ainda, da Casa das Palmeiras do futuro, pois precisamos dela com as portas abertas, possibilitando que novos sonhos se tornem realidade.

Após ser presa e afastada do serviço público durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas, em 1944, Nise da Silveira voltou a trabalhar no hospital psiquiátrico, local caracterizado por ser um espaço de exclusão. As pessoas que lá entravam, não retornavam ao convívio com a sociedade. As portas estavam fechadas.

Nessa época, Nise da Silveira foi trabalhar na enfermaria dirigida pelo Dr. Fábio Sodré, que tentava implementar algumas mudanças. Por exemplo, as pessoas que apresentavam melhoras, recebiam alta. No entanto, Nise da Silveira observou que, de 25 pessoas que recebiam alta, 17 retornavam às enfermarias. As portas passaram a ser giratórias.

Nise da Silveira constatou que havia algum erro no método empregado. As portas fechadas estavam, para ela, fora de cogitação. Mas, as portas giratórias não solucionavam o problema. Pensou, então, em criar um setor intermediário, um local que funcionasse como uma espécie de ponte entre a rotina hospitalar e o convívio com a sociedade. Essa verdadeira câmara de descompressão ajudaria às pessoas que sofreram intensos abalos psíquicos a retomarem o contato com a sociedade, contato permeado pelo preconceito em relação ao chamado doente mental. Nise da Silveira queria as portas abertas.

Como não conseguiu apoio da direção do hospital para criar tal setor no serviço público, Nise da Silveira fundou, em 1956, com a ajuda de amigos, a Casa das Palmeiras, com o objetivo de evitar as internações psiquiátricas. A Casa das Palmeiras funciona a exatos 54 anos com as portas invariavelmente abertas.

Duas observações devem feitas: 1) A Casa das Palmeiras não se caracteriza, de forma alguma, como um hospital-dia, como tinha sido tentado, por exemplo, pelo grande Ulysses Pernambucano na década de 1920. Trata-se, antes, de uma ruptura radical em relação ao modelo centrado no hospital, ou seja, a Casa das Palmeiras surgiu como o primeiro serviço substitutivo ao hospital psiquiátrico; 2) Apesar de a Casa das Palmeiras não estar inserida no serviço público, ela serve como um projeto piloto. Portanto, devemos analisar a importância da Casa das Palmeiras a partir dos efeitos provocados nas políticas públicas no âmbito da saúde mental.

Podemos pensar esses efeitos em duas etapas: ter demonstrado que era possível combinar tratamento com liberdade, ou melhor, que somente era possível combinar tratamento com liberdade; e provocar mudanças culturais, que transformassem, gradativamente, as concepções acerca do chamado doente mental.

A primeira etapa se caracteriza pela luta contra o manicômio de muros, cercas, vigilância constante, espaço e tempo minuciosamente administrados. Essa etapa já se encontra em andamento: em 1989, o deputado federal Paulo Delgado propôs o projeto de lei, aprovado em 2001, que dispõe sobre a substituição gradual de leitos asilares por serviços com as portas abertas; em 1987, foi inaugurado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) que, em 2003, foi transformado em política pública através de portaria ministerial.

A segunda etapa é ainda mais difícil que a primeira. Trata-se da luta contra o manicômio mental. Para provocar uma verdadeira transformação cultural, Nise da Silveira empreendeu diversas ações em direção à cidade: foram feitas centenas de exposições artístico-científicas com a produção dos ateliês do Museu de Imagens do Inconsciente e da Casa das Palmeiras; Leon Hirszman dirigiu a trilogia cinematográfica Imagens do Inconsciente; Rubens Correa encenou, a pedido de Nise da Silveira, a peça Artaud!; diversos terapeutas sofreram influência direta ou indireta das concepções de Nise da Silveira.

No entanto, a racionalidade que exclui, estigmatiza e abandona, pode estar presente em cada um de nós, em cada serviço substitutivo. Assim, em nossos serviços de portas abertas, são reproduzidas as práticas asilares de maneira cotidiana.

Como podemos observar, a Casa das Palmeiras possui importância não apenas como um marco histórico, mas a ênfase inovadora que imprimiu, ao fazer confluir liberdade, atividade e afetividade, é de suma importância para transformações futuras no campo da saúde mental. Para tanto, a Casa das Palmeiras deve se manter com as portas e as cabeças abertas.

Por Walter Melo


Postado em 28/01/2011.

Espaço Artaud e FIOCRUZ: pesquisa e evento

A pesquisa Cartografia das ações sócio-culturais no âmbito da saúde mental e o impacto dos projetos culturais na vida das pessoas em sofrimento psíquico no Estado do Rio de Janeiro, coordenada por Paulo Amarante (LAPS - ENSP - FIOCRUZ), fez uma entrevista com Renata Cristian, diretora d'Os Nômades, sobre sua trajetória antes de chegar no grupo, sua inserção no Espaço Artaud, o método de trabalho empregado e a importância desse trabalho em sua vida.

Renata Cristian foi convidada, ainda, para participar do Seminário Internacional: Cartografia Cultural - as dobras da loucura, que acontecerá na FIOCRUZ nos dias 01, 02 e 03 de dezembro.

Postado em 30/11/2010.
O Espaço Artaud, a FIOCRUZ e o NEPIS (Núcleo de Estudo, Pesquisa e Intervenção em Saúde) da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) convida a todos para a palestra do Dr. Ernesto Venturini que acontecerá no próximo dia 06, no anfiteatro do Campus Dom Bosco, em São João del Rei. A palestra terá início às 15 horas e encerra as atividades promovidas ao longo de 2010 que abordaram temas referentes à saúde mental no Brasil.

Ernesto Venturini é psiquiatra e um dos idealizadores da Reforma Psiquiátrica italiana, ao lado de Franco Basaglia e outros, na década de 70, quando aderiram à luta antimanicomial. Foi também diretor do Departamento de Saúde Mental em Imola e desempenhou papéis de responsabilidade na Saúde Pública. É também colaborador de universidades italianas e internacionais e autor de livros sobre psiquiatria e reforma psiquiátrica. Além disso, cooperou com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em trabalhos desenvolvidos em alguns países da África.

 
Postado em 30/11/2010.

Intercâmbios Teatrais

Em junho, o grupo de teatro Os Nômades recebeu a visita de Ricardo Alves Junior, integrante do grupo Sapos e Afogados de Belo Horizonte - MG, que está montando a peça Caixa Preta e o trabalho fotográfico Medéia.

Em outubro, foi a vez do grupo FlamingoFeather, de Londres, visitar Os Nômades, que depois apresentou na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) a peça O Apicultor, tendo atores d’Os Nômades na platéia.

Postado em 30/11/2010.

Aconteceu!

Nos dias 23 e 24 de setembro foi realizado o IV Encontro de Arte & Saúde Mental: O Paradigma Estético na Clínica de Nise da Silveira, na UERJ. Na abertura do Encontro foi feita uma homenagem à Gladys Schincariol, Luiz Carlos Mello e Eurípedes Junior pelos anos de trabalho dedicados ao Museu de Imagens do Inconsciente.
O Evento contou com a participação de 258 inscritos, dentre eles, profissionais, estudantes e usuários de serviços de saúde mental. E como convidados, tivemos a presença de João Frayze-Pereira e Marcos Moraes (USP) e Ilana Goldstein (UNICAMP); Glória Chan, Eurípedes Junior e Gladys Schincariol (Museu de Imagens do Inconsciente); Paulo Amarante e Carlos Estellita Lins (FIOCRUZ); Adair Rocha (MinC); Ademir Pacelli Ferreira (UERJ); Walter Melo (UFSJ); José Otávio Pompeu e Silva (UFRJ); Carlos Bernardi (UNESA); Walter Boechat (AJB); Nilton Sousa da Silva (UFRRJ) e Maddi Damião Junior (UFF).
Contamos com 8 sessões de comunicações orais e um total de 20 trabalhos apresentados que trouxeram temas referentes à construção do SUS; às perspectivas da Reforma Psiquiátrica Brasileira; à diversidade da loucura e da arte e temas relativos à Psicologia Analítica. É importante ressaltar o intenso debate durante as comunicações orais, que possibilitarão o estabelecimento de novas parcerias.
As apresentações culturais foram Alice prepara o gato, Os Nômades, Pirei na Cenna e, fechando com chave de ouro, Cancioneiros do IPUB.


Estamos organizando o livro, que terá o mesmo nome deste Encontro, com os textos referentes às palestras. Para saber mais sobre isto, acompanhe-nos no Blog ou mande-nos e-mail.
Postado em 26/09/2010

IV Encontro de Arte & Saúde Mental

Ainda estão abertas as inscrições para o IV Encontro de Arte & Saúde Mental: o paradigma estético na clínica de Nise da Silveira, que ocorrerá nos dias 23 e 24 de setembro deste ano, no Teatro Noel Rosa, na UERJ.
Além da programação de palestras e das atividades culturais, teremos também espaço para apresentação de comunicações orais, que seguirão os seguintes eixos:

1) Os paradigmas da construção do SUS
2) Novas perspectivas da reforma psiquiátrica brasileira
3) A diversidade da loucura e da arte
4) Desdobramentos da psicologia analítica, a partir de Nise da Silveira

Os trabalhos deverão ser enviados com, no máximo, 600 palavras, em arquivo PDF até o dia 30 de junho de 2010, para espaco.artaud@uol.com.br
Clique nos links abaixo para fazer o download do cartaz e do folder com a programação completa:
www.4shared.com/document/XFXqiZGS/folder-correto.html
www.4shared.com/photo/K8KdvF9V/cartaz.html



Postado em 18/05/2010

Reunião dos Pontos de Cultura

No dia 28/04/10, Renata Cristian, diretora d’Os Nômades, esteve na reunião dos Pontos de Cultura no Ministério da Cultura (MinC). A reunião foi muito esclarecedora.
À tarde ocorreu uma palestra sobre a lei estadual de incentivo, referente ao ICMS para projetos culturais. O edital ainda está aberto e as inscrições vão até 21 de maio.
Confiram no site:
http://www.sec.rj.gov.br/lei_incentivo.asp

Há um escritório de Apoio Cultural que possui consultores gratuitos para a elaboração de projetos.
Os telefones para contato são as seguintes: 2333-4107 / 2333-4108;
email:
escritorio.leicult2010@cultura.rj.gov.br

Existem, ainda, editais que serão abertos em junho. Um desses é destinado a Encubadoras de apoio cultural. Estas são responsáveis por orientar, capacitar e oferecer espaço físico por 6 meses. A 1ª Encubadora do Rio de Janeiro é a da PUC-Rio, que tem apoio, entre outros, do Instituto Genesis. Quem quiser e tiver curiosidade, este edital está dentro de uma nova perspectiva de incentivo cultural previsto no decreto 42.292 (11/02/2010), disponível no link acima.


Postado em 13/05/2010

Nise da Silveira

É com notável delicadeza que Walter Melo descreve a trajetória de Nise da Silveira, uma das mais singulares personagens da história da psiquiatria brasileira, talvez a mais revolucionária e mais desafiante. Quem, seja pertencente ao campo “psi”, ou ao mundo mais abrangente da cultura brasileira, não teve a oportunidade de esbarrar, em algum momento, no próprio caminho, com vias desbravadas pela doutora Nise
Por Monique Augras

Há alguns anos, escrevendo sobre a psiquiatra Nise da Silveira no jornal “Rio Artes”, Wilson Coutinho afirmou: “Não há dúvidas que as gerações futuras saberão honrá-la mais do que nós”. Antes talvez do que supunha o crítico, surge, na coleção Pioneiros da Psicologia Brasileira, vol. 4, a primeira biografia daquela que ficou conhecida como revolucionária da psiquiatria brasileira. Escrita pelo psicólogo Walter Melo, um de seus discípulos e a quem ela chamava de escafandrista, em alusão à fineza de sua sensibilidade, que lhe possibilitava mergulhos penetrantes nos estudos da psique, esta biografia conjuga ciência com conhecimento da personalidade e da teoria de Nise.
Por Élvia Bezerra- O Globo

Trata-se de um precioso ensaio biográfico sobre Nise da Silveira.
Por José Castello - Estado de São Paulo

A obra de Nise da Silveira, de autoria de Walter Melo, compõe o volume 4 da coleção Pioneiros da Psicologia Brasileira, editada pela Imago e Conselho Federal de Psicologia, numa iniciativa das mais oportunas.
É possível que, entre as dezenas de autores que merecerão uma obra na coleção, poucos terão a vantagem de ter sua biografia analisada com a atenção e a intimidade critica dedicada por Melo a Nise da Silveira.
Solidez teórica, discurso fluente, testemunho de uma convivência próxima fazem da obra uma conversa descontraída com o leitor.
Por José Moreira de Souza

Postado em 18/04/2010

A Dialética dos Movimentos Sociais

O livro Dialética dos Movimentos Sociais no Brasil: Por que a Reforma Psiquiátrica? pretende discutir questões da Reforma Psiquiátrica brasileira em sintonia com outras experiências transformadoras no país. Costumes e tradições excludentes do dia-a-dia são um dos temas que a Reforma Psiquiátrica brasileira compartilha com outros movimentos sociais na busca de uma mudança na realidade do Brasil.
 
Organização: Gina Ferreira, Luiz Antonio Baptista e Walter Melo
 
Editora: EncantArte, 2004
Postado em 18/04/2010.