O Espaço Artaud faz uma homenagem ao poeta e teatrólogo francês que esteve por vários anos internado em instituições psiquiátricas. Antonin Artaud (1896-1948) participou ativamente de movimentos artísticos, principalmente no cinema e no teatro, tendo, inclusive, aderido ao Movimento Surrealista entre os anos de 1924 e 1926. Após romper com os surrealistas, funda a companhia de Teatro Alfred Jarry que, entre 1927 e 1930, apresenta quatro espetáculos. Os temas encenados e, principalmente, a maneira de representação causavam estranheza no público e na crítica especializada dada sua interação com a platéia, colocando-o na vanguarda teatral de sua época.
A partir de 1937 até sua morte, Antonin Artaud é forçado a abandonar os palcos, sendo internado em diversos asilos psiquiátricos na França, nos quais passou por longas séries de eletrochoque. O discurso empreendido por Artaud contra os métodos de tratamento de sua época repercutiu intensamente na obra de diversos psiquiatras, dentre os quais: Ronald Laing, David Cooper, Franco Basaglia e, no Brasil, Nise da Silveira. Esta se tornou grande admiradora da obra de Artaud, que lhe serviu de relevante documento para que empreendesse as mudanças necessárias no ambiente dos hospitais psiquiátricos – tanto em relação à arquitetura, que, ao contrário dos grandes hospitais, passa a ter as portas abertas; quanto aos métodos de tratamento, ao recusar o eletrochoque, a lobotomia e as doses massivas de tranqüilizantes, adotando métodos não agressivos, ligados à expressão artística e a movimentos culturais.
O percurso de Antonin Artaud justifica plenamente a escolha de seu nome para denominar uma proposta de implementação de uma clínica de reabilitação psicossocial em saúde mental que se encontra coerente com as novas diretrizes de tratamento psiquiátrico da Organização Mundial de Saúde e do Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileiro.
Figurino desenhado por Antonin Artaud para O Fogo (1922) |